O
calor da lareira na sala. Os livros de receitas abertos. O açúcar, a farinha e
os ovos prontos a serem utilizados. A família reunida. Está tudo pronto para
começar uma das nossas mais antigas tradições- irmos para a cozinha e prepararmos a ceia de natal.
Os preparativos começam
logo na noite de dia 23, o momento em que a nossa mãe nos chama até à cozinha para começarem a preparar bolinhos de bolina com frutos secos, uma
receita que não pode faltar na noite de natal e que precisa de ser preparada um
dia antes. A seguir aos bolinhos de bolina, as rabanadas são o
doce mais importante lá em casa. Feitas pela nossa mãe, mas com a receita
da avó Maria, estas são consideradas as melhores rabanadas de sempre por todos
aqueles que já tiveram o prazer de as provar.
Em
tempos nós preferíamos passar as noites que
antecediam ao natal a sonhar acordadas com os presentes que iríamos receber mas
agora não há nada melhor do que estar com a nossa mãe na cozinha a preparar a bonita aletria, as deliciosas filhoses e claro, o saboroso pudim de caramelo e
pinhões porque nos natais do Piquenique não faltam doces, frutos secos e
abóbora pronta a ser transformada num saboroso arroz doce de abóbora e nos típicos
sonhos de abóbora.
O natal é a época do
ano em que mais gostamos de estar em família e dar graças por estarmos juntos nesse
dia especial mas também é uma ocasião para recordar as pessoas que já não estão
por perto, e a melhor forma de o fazer é manter as tradições. É por isso que todos os natais se fazem os formigos, um doce que
costumava ser feito pela nossa avó paterna e que o nosso pai comer. Nós nunca chegaram a conhecer esta avó mas a receita dos
formigos que ela deixou faz com que ela seja lembrada de forma especial todos
os natais.
O nosso natal pode ser feito de tradições e memórias mas há sempre espaço para novas
receitas. Desde que a Andreia começou a interessar-se pela pastelaria o tronco
de Natal também passou a ocupar um lugar na mesa. Antes disso ninguém se sentia
corajoso o suficiente para fazer um Tronco de Natal que fosse digno da ementa
de natal.
Muitas das receitas
que são preparadas para a ceia de Natal são preparadas muitas horas antes para
garantir que tudo vai estar pronto quando a hora do jantar chegar mas há costumes
que só acontecem depois das doze badaladas da meia-noite terem soado e das
prendas terem sido abertas. O vinho quente está sempre presente neste momento,
uma bebida muito apreciada pelo nosso avô.
Apesar de ser
tradição os restantes adultos à mesa juntarem-se a ele para um copo de vinho
quente, ninguém o parece apreciar tanto como ele. De qualquer forma, há sempre
chocolate quente com especiarias e bolachas de gengibre e canela para quem
preferir trocar o vinho pelos sabores quentes e reconfortantes do natal.
Cada
uma das 12 receitas de Natal do Piquenique tem uma história. Algumas já
sobreviveram a três gerações, outras começaram apenas agora, como a criação deste
pequeno livro de receitas.
O
Natal é uma época de celebração, amor e partilha e nós já nos sentimos mais felizes só por partilharmos alguns dos nossos segredos culinários contigo.
Feliz Natal
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